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Leão Stambowsky, Marcos Cerkes e Marcos Galper

Leão Stambowsky Leão nasceu em 30 jan 1923 em Salvador-BA, tendo sido incorporado a Marinha do Brasil, como Aprendiz de Marinheiro e mais tarde Marinheiro (Maquinas) MN-EL 2 Cl, tendo servido em operações de guerra embarcado no Cruzador Rio Grande do Sul, no Tender Belmonte e no Encouraçado Minas Gerais. Era filho de Neiman e Rachel Lanis Stambowsky. Frequentava a Hebraica do Rio de Janeiro, na Rua das Laranjeiras. Os judeus tem uma grande tradição naval. Como se sabe o cristão novo Gaspar da Gama aqui chegou nas caravelas de Cabral, e Abraham Ibn Ezra, um dos primeiros integrantes da Escola de Sagres, estabelecida pelo Infante Dom Henrique desenvolveu os primeiros instrumentos para navegação que possibilitaram a descoberta do caminho marítimo para as Índias e as grandes navegações portuguesas, como a descoberta do nosso Brasil. Assim, seu filho Eduardo Stambowski tomou a si a honrosa tarefa de preservar a memória deste dedicado ex-combaténte, que cumpriu inúmeras missões embarcado em comboios de escolta a navios mercantes nacionais, assegurando as comunicações marítimas vitais, tendo participado de operações conjuntas com a IV Esquadra Americana, tudo isso no período de 1/set/1942 a 31/jul/1945. Lembra ele que seu pai nunca transigiu quando como judeu sofreu alguma discriminação, reagindo ainda que isso lhe custasse eventualmete alguma punição. Jamais ocultou a sua identidade religiosa, exemplo de coragem e diginidade. Leão passou para a reserva no posto de 2º tenente aos 21/maio/1949, após 9 anos, 2 meses e 14 dias de serviço em unidades navais. Este bravo marinheiro do Brasil faleceu aos 20 de novembro de 1971, e sua memória ficará eternizada como uma das glórias da comunidade judaica brasileira na sua contribuição a derrota do nazismo e restabelecimento das liberdades na Europa e no Mundo. Leão nunca se afastou do cumprimento do dever, como bem atésta o diploma recebido ao ser agraciado com a Medalha de Serviços de Guerra com 2 Estrelas, concedida pelo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil em 21 de abril de 1949, pelos valiosos serviços prestados ao pais, e assinado pelo Ministro da Marinha Almirante Sylvio de Noronha. Apenas em passant não devemos esquecer que o cristão novo Fernando de Noronha foi um dos primeiros arrendatários de terra do Brasil. Assim talvez quem assinou aquele diploma de serviços relevantes, até sem o saber, tivesse correndo em suas veias alguns infinitésimos do precioso sangue judaico... Leão honrou a sua imaculada farda branca, como vemos em antigos retratos, fazendo jus a memória do Imperial Marinheiro Marcílio Dias, e tendo sempre em mente os imortais Sinais de Barroso alçados ao mastro principal da Fragata Amazonas no Rio Paraguay. – O Brasil Espera que Cada Um Cumpra o seu Dever – Máquinas à Frente a Toda Força que a Vitória e Nossa. Marcos Cerkes Marcos nasceu aos 10 mar 1925, filho de Isaac e Raquel Cerkes. Cursou o CPOR/RJ, sendo declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria. Foi 1° Tenente na FEB. Faleceu aos 06 abr 2003. Marcos Galper Marcos Galper, filho de Samuel Galper e Ana Galper nasceu no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1921. Casado com Dona Paulina Galper, Reside em Copacabana Seu pai era sobrinho de Jacob Scheineider, grande ativista da Comunidade Judaica e ativo no teatro iídiche da época. Em 1926, a família saiu do Rio fixando-se em Sorocaba onde o pequeno Marcos frequentou a Escola de Freiras, por falta de outras opções de instituições de ensino. Em 1930, mudaram-se para Campinas voltando depois para o Rio de Janeiro onde Marcos entrou no Colégio Pedro II, segundo colocado no exame de admissão, com média de 93 pontos, um ponto só menos do que o primeiro colocado. Prestou exame, em 1938, na Escola Naval obtendo o primeiro lugar em matémática, mas preferiu cursar a Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil (hoje UFRJ), na área de matémática. Concluiu o Curso de Humanidades no Colégio Pedro II sendo declarado apto para o serviço do Exército, ingressando no CPOR/RJ como Aluno do Curso de Artilharia aos 16 dez 1940. Em 22 jan 1943 foi declarado Aspirante a Oficial da Reserva da Arma de Artilharia, em 47° lugar na turma de 49 alunos. Na época o curso do CPOR tinha a duração de 3 anos. Entre seus colegas de turma de Artilharia, podemos citar Manoel Jairo Bezerra, professor de Matémática que se notabilizou por ser um dos “4 Autores” do livro famoso adotado nas melhores escolas do Brasil, Mauro Thibau, Jayme Jakubovicz, Carlos José Tuttman e os irmãos Antônio e Mário Raphael Vannutelli. Mário Raphael Vannutelli reside em Brasília, tendo completado 97 anos em 27 jul 2015. Serviu junto com Galper na FEB. As Unidades de Artilharia – o 2° Grupo do 1° Regimento de Obuses Auto Rebocados, o 1° Grupo de São Cristóvão, comandado pelo Coronel Levi Cardoso e o 3° Grupo, do Coronel Souza Carvalho, que veio de São Paulo, faziam manobras na região de Campo Grande e Barra da Tijuca. Galper era Oficial de Motores da Batéria de Comando e Serviços, do 2°/1° ROAuR, e depois Observador Avançado da 3ª Batéria, missão de alto risco junto as primeiras linhas do avanço da Infantaria, quando escapou da morte por ocasião de rajada de fogo amigo que atingiu a cota 911 onde estava posicionado. Chegando a Itália o 2°.Grupo de Galper e Vannutelli se deslocou para região de Vecchiano, recebendo ordem, assim como o 6º RI, de engajar-se na frente, em área já determinada pelo Comandante do IV Corpo. O II Grupo, comandado pelo Coronel da Camino, ocupou posição vizinha ao Monte Bastione – depois da guerra, essa Unidade foi denominada Grupo Monte Bastione. Lá disparou o primeiro tiro, com a Primeira Batéria do Capitão Mário Lobato Vale. Coube à Primeira Batéria dar o primeiro tiro, no Vale do Sercchio, fato glorioso para a Artilharia brasileira, a fim de apoiar as ações do 6º RI na captura de várias localidades importantes como Barga, Massarosa, Galicano e tantas outras. No I Grupo de Artilharia, comandado pelo Tenente-Coronel Valdemar Levi Cardoso, estava seu irmão, 2º Tenente Antônio Vanutelli. Era subalterno da Batéria Comando do I Grupo, oficial de manutenção da subunidade e recebia muitos elogios nessa função. O Comandante da Batéria Comando era o Capitão Odemar Ferreira Garcia, que mais tarde, chegaria a General.Os dois, únicos filhos, sairam de casa, no Rio de Janeiro, deixando os pais, e seguiram para Itália, para a guerra, no 1º e no 2º Escalão. Antônio, o irmão mais novo, é falecido. Na ofensiva de abril a Unidade prosseguiu rumo ao Vale do Pó, sabendo que vinha do sul, a 148ª Divisão do Exército Alemão, com remanescentes da 90ª Divisão Panzer e da Divisão Italiana Monterosa no propósito de atravessar os rios Pó e Panaro e prosseguir para o Norte. Houve, no início, uma refrega, porquanto os brasileiros perceberam, através da ação do 1º Esquadrão de Reconhecimento, que o inimigo pretendia furar o cerco. Houve tiro de Artilharia e ação da Infantaria. Como estavam com muitos feridos, resolveram prosseguir com os entendimentos junto ao Comando da FEB para que se procedesse a rendição. Vannutelli esteve presente ao evento. Perto de 20 mil homens foram feitos prisioneiros. O comandante dessa Divisão Alemã era o General Otto Fretter Pico e seu Chefe de Estado- Maior era o Major W. Kuhn, considerado um oficial de elite, naquela época. Coincidentemente, na FEB estava o Coronel Franco Ferreira, um oficial de Estado-Maior, de Cavalaria, que tinha sido adido militar na Alemanha antes da guerra, falava muito bem alemão. Para ir a guerra, Galper havia conseguido a intervenção do general Cordeiro de Farias. Foi observador avançado da FEB, regulando os tiros da artilharia junto à infantaria participando também de patrulhas e tomando parte na batalha de Monte Castelo, sempre como observador avançado. Possui a Medalha de Guerra e a de Campanha e é muitas vezes elogiado na sua Folha de Alterações. Desembarcou no Rio de Janeiro um dia antes do primeiro escalão trazendo matérial de guerra capturado e também brasileiro para apresentá-lo, no dia seguinte, na parada dos pracinhas na Avenida Rio Branco. No Rio de Janeiro, participou de curso no CPOR (COR) para oficiais, de volta da Itália, para ficar na ativa, durante dois anos, tirando o primeiro lugar em matémática. Um mês antes do curso terminar pediu demissão por ter sido nomeado professor na Universidade, cadeira de Complemento de Matémática. Saiu do Exército 1° Tenente, mais tarde promovido a Capitão e em seguida a major da reserva. Na Itália, tinha visitado a Brigada Judaica, perto de Nápoles. Após a fundação do Estado de Israel, vieram oficiais daquele país para o Rio convidando Marcos para ser instrutor do exército da nova nação. Recusou o honroso convite; não queria voltar a vida militar. Após a guerra, tanto Galper quanto Vannutteli cursaram o COR – Curso de Oficiais da Reserva no CPOR/RJ, que possibilitava aos Oficiais R/2 ingressarem na ativa. Vannutelli chegou a Tenente Coronel, e Galper a Major, sendo a sua Carta Paténte de 15 mai 1969 assinada pelo General Aurélio de Lyra Tavares. Aos 11 jun 1997, as peças de 105 mm do Curso de Artilharia do CPOR/RJ receberam as denominações históricas de Ten Marcos Galper, Ten Mário Vannutelli, Ten Antônio Vanuttelli e Ten Alfredo Nicolau. Galper após o término da guerra esteve no famoso cemitério de Anzio, onde viu centenas de Estrelas de David nos túmulos dos soldados judeus que tombaram no famoso desembarque naquela localidade italiana. Formou-se Bacharel e Licenciado em Matémática pela FNFi, e Engenheiro Civil e Eletrotécnico pela UFMG. Na vida civil foi Professor do Colégio Pedro II, Matémática e Física, Professor do DASP, Professor da Escola Técnica Nacional,Professor Adjunto do Instituto de Matémática da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Meteorologista do Escritório de Meteorologia do Ministério da Agricultura-Assessor técnico do Ministro do Interior, Membro do Conselho Consultivo da SIDESC (Siderúrgica de Santa Catarina), Membro da Comissão de Expedições Científicas do Conselho Nacional de Pesquisas. Com tamanha experiência, Galper colaborou ativamente com a ANVFEB, onde é atuou como Vice-Presidente, e integrou por muitos anos a Diretoria da Associação. Recebeu as Medalhas de Guerra, de Campanha e Marechal Mascarenhas de Moraes. Em março de 2011 veio a falecer o ex-combatente Marcos Galper.


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