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Salli Szajnferber, Salomão Malina e Salomão Naslausky

Salli Szajnferber Salli Szajnferber nasceu aos 04/10/1923 no Rio de Janeiro, filho de Abram e Berta. Em princípios do séc. XX, seus pais emigraram da Polônia. Abram era um ex-combaténte da I Guerra Mundial. Após longa viagem de navio, a família foi morar em Guaratinguetá – SP, onde em 1932 Salli teve sua primeira experiência de “combaté”, quando durante a Revolução Constitucionalista de 1932 um avião bombardeou a cidade. Mudando-se mais tarde para o Rio, na Rua Carlos Vasconcellos, ao lado da Praça Saens Peña, na Tijuca, o menino Salli de 11 anos prestou o Exame de Admissão para o prestigioso Instituto La-Fayette, na Rua Haddock Lobo, que existe até hoje como Fundação BRADESCO. Tirou 100 em todas as matérias, nas 9 provas, escrita, oral e final. Cursou em seguida o Colégio Militar, após o que prestou concurso para a Escola Militar do Realengo, quando teve de enfrentar certas dificuldades inerentes à época. Dois itens da ficha de inscrição constituiam-se em obstáculo por vezes intransponível. Cor e Religião. Mas felizmente haviam pessoas justas e sensíveis a quem se podia recorrer, e Salli encontrou na pessoa do Ten. Cel. Inf. Walfredo Reis o instrumento que matérializou a vontade divina. Salli haveria de se classificar em terceiro lugar no concurso e aos 08/jan/1944, para orgulho dos pais, obteve o segundo lugar da turma e foi declarado Aspirante a Oficial, do Exército de Caxias, da Artilharia de Mallet, a cujas tradições iria honrar ao longo de uma carreira exemplar. Logo escolheu por vontade própria servir em uma unidade expedicionária, o Grupo de Artilharia de São Paulo, I/2º Regimento de Obuses Auto Rebocado, integrante da FEB que estava sendo formada. Foi deslocado para a Vila Militar e daí para o Forte do Campinho, embarcando em 22/set/1944 para a Itália no navio americano de transporte de tropas General Mann, 2º Escalão. Salli combatéu em 2 grandes momentos da FEB, a Tomada de Monte Castelo e Montese. Exerceu a principio as funções de Oficial de Motores, e em seguida de Comandante de Linha de Fogo – CLF, e Observador Avançado da Artilharia. Somente a sua batéria deu 3.700 tiros de obus 105 mm sobre Monte Castelo, que sumia em meio a fumaça dos bombardeios de artilharia e de aviação. Em Montese foi levemente ferido, quando Observador avançado junto a 9ª Companhia do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria. Foi o mais sangrento combaté da FEB, com 574 baixas entre mortos e feridos. O III Grupo de Artilharia deu em Montese 9 mil tiros. Em 28 de abril de 1945 a Batéria de Salli recebeu como missão apoiar o 6º Regimento de Infantaria no cerco ao inimigo na Ofensiva da Primavera, o qual terminou por se render. Era a 148ª Divisão alemã, com todo seu matérial, canhões, tropa a cavalo e remanescentes da divisão Panzer Grenadier e Bersaglieri italiana. O General Otto Fretter Pico se rendeu com outro General italiano, 892 oficiais, 19.689 soldados, 80 canhões, 5 mil viaturas e 4 mil cavalos. Nessa noite, a Batéria teve que fazer a guarda de 900 prisioneiros, quando foi apreendida uma enorme bandeira nazista, que hoje se encontra no museu do 20º Grupo de Artilharia de Campanha Leve em Barueri-SP, o Grupo Bandeirante e que justamente a cada 29 de abril a 01:45 da madrugada comemora a última missão de tiro da Artilharia Divisionária da FEB na Itália. Pela sua bravura em ação na tomada de Montese, foi agraciado pelo Presidente da República com a Cruz de Combaté de 1ª Classe. O diploma assinado pelo Ministro da Guerra General Pedro Aurélio de Góis Monteiro destaca sua grande coragem, sangue frio e capacidade de ação, durante os encarniçados combatés de 14 e 15 de abril de 1945. Progredindo em terreno minado severamente batido por fogo de artilharia, morteiro e armas automáticas, o Tenente Salli cumpriu galhardamente a sua missão de Observador Avançado ajustando com precisão os tiros da nossa artilharia. Foi ainda elogiado em Boletim pelo Comandante do Regimento Tiradentes, 11º RI de São João Del Rei, Cel. Inf.Delmiro Pereira de Andrade, pela bravura e espírito de sacrifício nas duras jornadas de 14 e 15 de abril, junto aos pelotões terrivelmente hostilizados pelo inimigo. A sua calma, a sua competência e a sua bravura pessoal o fizeram credor da admiração de toda a Companhia. Após retornar da Itália, em 22/ago/1945, Salli cursou a Escola de Educação Física do Exército, onde foi aprovado no Curso de Instrutor de Educação física em 1º Lugar com grau 8,568, menção MB. Em 1955 fez o curso de Comando e Estado Maior na ECEME, com menção MB, e dela foi Instrutor por 3 anos. Integrou a equipe brasileira de Pentatlo Militar na Argentina e Suécia, comandou o 6º Grupo de Artilharia de Dorso em Castro – PR, foi membro da missão Militar Brasileira no Paraguai, conselheiro do CND por 10 anos, e representante do Estado Maior do Exército no EMFA. Salli passou para a Reserva em 01/ago/1966, quando servia na 4ª Seção do Estado Maior do Exército. Por ocasião da sua despedida, foi saudado pelo orador como um privilegiado, por ter integrado no mais alto grau todas as capacidades do Homem, como disse um filósofo, físicas, intelectuais e morais, exaltando suas qualidades que o colocaram sempre nos primeiros lugares. Salli Szajnferber, bravo Soldado Brasileiro de fé judaica, Herói de Montese, nos combatés da Itália honrou a memória de Mallet, Patrono da Arma de Artilharia. Salli Szajnferber, veio a falecer em março de 2010, em sua residência, aos 86 anos. Salomão Malina Salomão Malina nasceu aos 16/05/1922 no Rio de Janeiro. Em princípios do séc. XX, seus pais emigraram de Lodz, cidade industrial na Polônia, onde florescia importante comunidade judaica, que poucos anos depois seria exterminada pelo ódio. Na longa viagem de navio jamais poderiam eles sequer imaginar, mas um dia a chegada de um menino viria alegrar a casa simples, e estava escrito que este menino seria um pensador, e mais que isso, unindo a ação às palavras e fazendo o caminho inverso dos imigrantes, por vontade própria iria lutar de arma na mão contra aqueles mesmos nazi-fascistas inimigos da Humanidade que tentavam destruir as raízes do seu povo. A família foi morar na Praça XI, a rua judaica humilde da época. Ali perto, Salomão estudou no Colégio Pedro II e cursou o CPOR - Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, de onde saiu Aspirante-a-Oficial da Arma de Infantaria. Na FEB foi incorporado ao 11º Regimento de Infantaria de São João Del Rei, hoje o 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, tendo comandado o Pelotão de Minas, função natural para quem havia sido mandado fazer um curso de especialização nos Estados Unidos antes da Guerra nesta área. Embarcou para a Itália em 12/nov/1944. As minas alemãs custaram a FEB um grande número de vítimas, entre mortos e mutilados. Em atividade extremamente perigosa, detectando e desativando artefatos e booby-traps, Salomão Malina e seus comandados contribuíram para evitar maior perda de preciosas vidas brasileiras. Em reconhecimento, o Presidente da República outorgou-lhe a Cruz de Combaté de 1ª Classe, medalha com a qual apenas poucos integrantes da FEB foram agraciados, por atos individuais de bravura. Malina recebeu ainda a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha. Em extensa citação no diploma, Malina é louvado pela coragem com que comandou seu pelotão, abrindo caminho para a passagem da Infantaria no eixo de ataque através de terreno minado, sob pesado fogo da artilharia e de morteiros alemães, durante o avanço do Regimento para a conquista de Montese, uma das maiores glórias da FEB. Malina retornou da Itália em 17/09/45, tendo sido reformado em 04/11/1983.Salomão Malina estudou na então Escola Politécnica do Largo de São Francisco, depois Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, transferida para a Ilha do Fundão. Na época, trabalhava em uma das maiores indústrias eletrônicas brasileiras, a SESA - Standard Electric S. A., subsidiária da multinacional americana ITT – International Telephone & Telegraph, que fabricava televisores e outros aparelhos no subúrbio carioca de Vicente de Carvalho. Planta que chegou a empregar milhares, esteve fechada durante 2 décadas até dar lugar a um moderno centro de compras, o Carioca Shopping próximo a estação do metrô. A Associação dos Antigos Alunos da Politécnica inaugurou em dez/2004 em sua sede, no mesmo tradicional e centenário prédio da Politécnica no Largo de São Francisco, Alma Matér da Engenharia Brasileira, uma estatueta representando os expedicionários alunos da casa, de autoria de Da. Silvia Vaccani, antiga professora da Casa, e esposa do eminente e também professor Ernani da Motta Rezende. Na singela peça escultórica, um soldado de arma na mão representa os nobres ideais daqueles estudantes, que em passeatas pediam ao Governo de Getúlio Vargas que declarasse guerra ao Eixo, após o torpedeamento de tantos navios com perda de centenas de vidas de brasileiros inocentes. Uma placa na parede recorda os nomes de 9 bravos, onde figura Salomão Malina. Os desígnios da vida impediram que Malina terminasse o curso de Engenharia. Ativista político, ele e sua família levaram uma vida atribulada, onde não raro foi perseguido, tendo que mudar de bairro, de cidade, ocultar-se, mudar de identidade. Não fosse os inúmeros recortes de jornais que descrevem a sua trajetória, e cópias de documentos das autoridades policiais da época, judiciosamente colecionados pelo Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, teria sido difícil obter detalhes ou fotos da sua vida militar, de vez que as circunstâncias exigiam que fotos e documentos seus não ficassem guardados em casa. Salomão Malina foi militante histórico, último Secretário- Geral do PCB e ao final da vida Presidente Honorário do PPS. Antes de partir, vitimado por doença incurável de que padecia há longos anos, manifestou a vontade de ser enterrado como judeu. Toda vida conservou o Talit (Manto Ritual) com que cumpriu a cerimônia do Bar mitzvah (maioridade religiosa aos 13 anos). A tradicional foto de Kipá (solidéu) e Talit que todo menino judeu tira neste dia consta do livro de memórias, lançado às vésperas de seu passamento. Teve enterro judaico com velório na Assembléia Legislativa de São Paulo, onde compareceram inumeros representantes dos setores políticos e culturais da sociedade. Frisava que suas raízes eram autênticas, e não uma volta às origens, de vez que sempre viveu como israelita, jamais ocultando sua fé. Este bravo soldado brasileiro de fé judaica, incompreendido por uns, enaltecido por outros, mas sem dúvida um homem fiel as suas ideias, nos deixou em 2002 aos 80 anos. Salomão Naslausky Salomão nasceu no Rio de Janeiro dia 20/06/1915, filho de Marcos e Annita. Serviu na Itália no 1º Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto Rebocados, 1/1 ROAuR, sob o comando do Tenente Coronel Waldemar Levy Cardoso, tendo embarcado aos 22/09/1944 e retornado com a mesma unidade aos 22/08/1945. Comandou a 2ª Batéria de Obuses 105 mm. Desempenhou importantes comissões ao longo de uma brilhante carreira militar com mais de 30 anos, como a de Comandante da Escola de Artilharia de Costa e Anti Aérea – EsACos AAe. Foi agraciado com diversas medalhas, das quais destacam-se: a) Concedidas pelo Presidente da República : Cruz de Combaté de Segunda Classe, por ter, como Capitão Comandante da 2ª Batéria do 1º Grupo de Artilharia 105 mm da FEB, revelando capacidade profissional, sangue frio e coragem nos combatés em que tomou parte sua Unidade durante a Campanha da Itália. Medalha de Guerra, por ter prestado relevantes serviços no preparo e instrução de sua Unidade, concorrendo com seu esforço para que a mesma quando empregada em combaté se apresentasse nas melhores condições de eficiência. Medalha de Campanha, por ter como integrante da Força Expedicionária Brasileira, participado de operações de guerra na Itália. b) Concedidas pelo Ministro de Estado dos Negócios da Guerra: Medalha do Pacificador: Medalha Militar de Ouro, por ter completado mais de 30 Anos de Bons Serviços Militares. Transferido para a Reserva em 30 jul 1970, na inatividade escreveu diversos artigos com base na sua experiência de combaté tendo 2 deles sido publicados na Revista Militar Brasileira, número comemorativo do 30º Aniversário da Organização da FEB. Barga, págs 154 – 156. Cota 747, págs 175 – 177, onde relata seu último encontro com o Sargento Max Wolff Filho, quando o maior herói da FEB partia para sua última patrulha, poucos minutos antes da morte gloriosa em combaté. Conforme relata, “... – posso contar com sua artilharia, Capitão? Perguntou ele ao passar pelo observatório, ponto obrigatório de passagem para se atingir as posições inimigas daquela frente...” Depreende-se do texto que o Capitão Naslausky encontrava- se no PO do Grupo (Posto de Observação), junto as primeiras linhas de ataque da infantaria, uma atitude corajosa e voluntária, já que o PO é guarnecido por tenentes, e ele como Comandante da Batéria deveria estar no PC – Posto de Comando na retaguarda, junto a Central de Tiro que fica a alguns quilômetros, orientando a unidade. Ao final do texto, o Cap Salomão presta uma homenagem ao Sargento Wolff: “ ... não havia mais dúvidas... morrera o herói. E ao certificar-se da verdade, procurou o artilheiro seu abrigo individual, único lugar em que poderia naquele momento ficar só. E lá não se conteve. Chorou. Chorou o Artilheiro a morte do seu herói da Infantaria... “ Salomão Naslauski faleceu no Rio de Janeiro aos 11 de junho de 1984.


 
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