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Capítulo 2 Apoio da Comunidade Judaica Brasileira ao Esforço de Guerra

A participação de dezenas de combaténtes judeus brasileiros nas forças brasileiras de Terra, Mar e Ar durante a Segunda Guerra Mundial é pouco conhecida. Mesmo os que se tornaram heróis, agraciados com medalhas concedidas apenas em casos de bravura excepcional em combaté foram quase esquecidos. Os registros históricos da participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial praticamente não explicitam a participação de brasileiros judeus. A razão é simples. Basicamente os cidadãos de fé judaica eram mobilizados normal e regularmente como qualquer outro. Não havia nem há soldados brasileiros judeus, mas tão somente soldados brasileiros, o que honra e orgulha a Comunidade Judaica. Entretanto o inimigo nazista enxergava sim uma diferenciação. Os combaténtes judeus participantes do conflito, além de compartilhar dos riscos normais de uma guerra, sujeitavam-se ainda caso fossem capturadosà execução sumária ou envio aos campos de extermínio do III Reich. Foi esse lamentavelmente o destino de quase todos os militares judeus russos (85 mil) e poloneses (65 mil) que caíram prisioneiros dos alemães. No Brasil a Comunidade Judaica se mobilizou, como vemos pela notícia de 27 de agosto de 1942 do Correio da Manhã sobre o ato religioso celebrado na A.R.I., provavelmente no dia anterior, em memória das vítimas do torpedeamento dos navios brasileiros pelo Eixo. O rabino Henrique Lemle correlacionando o sofrimento e perdas de vidas humanas na comunidade judaica européia e seus parentes, descendentes sobreviventes no Brasil podia emocionadamente ressaltar a convergência de dor e revolta de brasileiros e judeus: (...) seus inimigos são nossos inimigos; seus sofrimentos são nossos sofrimentos; e suas vítimas são nossas vítimas. (Correio da Manhã de 27 de agosto de 1942) O jornal “O Globo” noticiava em relação à mesma solenidade: sob os auspícios da Associação Beneficente Israelita que Paulo Zander e Marc Leitchic da diretoria propuseram e a reunião resolveu contribuir para a coleta patrocinada pela Sra. Oswaldo Aranha com a quantia de 5:000$000; propos-se, idem, a formação de um corpo de voluntarios composto de vitimas do nazi-facismo para servir no momento atual, ao Governo e ao Brasil os quais poucos dias depois já começavam a inscrever-se nas listas particulares para tal fim. Nos primeiros dias o número de voluntários que já começavam a inscrever-se nas listas particulares para tal fim ultrapassava de trezentos (“O Globo” 26-08-42). Em 19 de fevereiro de 1943 realizou-se um leilão da Liga de Defesa Nacional (fundada em 24/3/24) na ARI para os futuros pracinhas com uma parte musical a cargo de seu coro ensaiado pelo cantor-mor Fleishman. Consta que reuniões foram realizadas pela comunidade, tendo havido alistamento de voluntários para o caso de o Brasil entrar em guerra, com mais de 300 assinaturas. Esta história preciosa foi relativamente esquecida, ao contrario do que ocorreu com os combaténtes judeus das demais nações, recordados no Museu do Veterano Judeu em Israel. A meio caminho entre Tel-Aviv e Jerusalém uma antiga fortaleza viu de tudo. Por ali passaram de legiões romanas a tropas do Mandato Britânico, e hoje Latrun serve de museu para o Corpo Blindado das Forças de Defesa de Israel. Tanques sírios e egípcios T-55 Stalin capturados ainda com a pintura branca para o combaté na neve... tanques azuis, amarelos, lançadores de pontes, artilharia, canhões imensos, ao lado das silhuetas esguias dos Merkavá quase colados ao solo, escondendo-se atrás de elevações do terreno. É a maior coleção de tanques na face da terra. Mais de 500. Também ali situa-se o Museu dos Veteranos Judeus, assim considerados em 2 catégorias, os que lutaram nos Exércitos Aliados durante a II Guerra Mundial, e os que vieram de 44 paises em 1947/48 como voluntários para fortalecer a nascente Tzvah Haganah LeIsrael.(1) Este último era o chamado Machal. Portanto, a bandeira do Brasil tremula em Latrun, junto com as dos Aliados, como país que participou do esforço para derrotar a Alemanha nazista. Também do Brasil seguiram voluntários Machalniks. O museu eterniza a coragem e valentia de tantos veteranos judeus, a maioria americanos, canadenses e soviéticos. Muitos vieram a Latrun para as comemorações dos 60 anos do Dia da Vitória, os peitos cobertos de medalhas. Uma lacuna porém. Até maio de 2005, o Museu de Latrun desconhecia que existiram Veteranos Judeus Brasileiros da II Guerra Mundial. A Diretora do Centro de Informação de Latrun ficou surpresa ao saber que pelos menos 42 judeus brasileiros participaram da luta conta a Alemanha Nazista. E trata-se de uma israelense que fala português, já que casada com um brasileiro... Mas não só ela se surpreendeu. Pouca gente além dos familiares sabia, até aquele histórico domingo do Rio de Janeiro no Grande Templo, 1º de maio de 2005. O objetivo deste trabalho é, portanto, relatar um pouco da história destes valentes soldados que não hesitaram em expor-se ao duplo perigo. Que o relato da sua epopéia fique como exemplo de patriotismo para as futuras gerações. Esta história aguardou mais de 60 anos para ser contada, relato da atuação durante a 2ª Guerra Mundial de militares brasileiros judeus servindo nas Forças de Terra, Mar e Ar. Páginas de uma epopéia gloriosa que permaneceu quase desconhecida por mais de meio século, até que uma homenagem foi prestada a 42 ex-Combaténtes judeus no Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro, quando o grande público tomou conhecimento de que militares judeus da FEB destacaram-se, tendo sido condecorados por atos de bravura em combaté na Itália com importantes medalhas, como a Silver Star do Exército Americano e a Cruz de Combaté de 1ª Classe. Igualmente no mar e no ar, tripulantes judeus a bordo de navios das Marinhas do Brasil e Mercante e nos aviões da FAB em missões de patrulha ao longo do litoral participaram de importantes missões no enfrentamento dos submarinos nazistas. Aqui traçamos breves perfis de alguns destes combaténtes, o texto abordando tanto aqueles que seguiram carreira militar, alguns alcançando o generalato, quanto veteranos que ocuparam posições de destaque na sociedade civil, nas artes, literatura, política, etc. Dos pelo menos 42 militares brasileiros judeus que integraram as forças brasileiras de terra, mar e ar no maior conflito do século XX, ao final de 2008 apenas 13 estão comprovadamente vivos. Sua participação foi quase ignorada. Mesmo os que se tornaram heróis, agraciados com medalhas concedidas apenas em casos de bravura excepcional em combaté foram praticamente esquecidos. Em geral não se conheciam entre si. Brasileiros natos de primeira geração, seus pais e avós eram imigrantes de países como Marrocos, Polônia, Turquia, Rússia. A participação judaica foi grande em termos percentuais, mas poderia ter sido maior, não fosse o grande numero de imigrantes que constituía a massa populacional da comunidade, portanto estrangeiros dispensados do Serviço Militar. Com efeito, da população brasileira em 1942 da ordem de 40 milhões de habitantes, apenas 60 mil se declararam judeus segundo o IBGE. Da ordem de 57 mil imigrantes judeus aportaram no Brasil de 1920 a 1942, dados estes mais confiáveis, visto que coletados nos portos. Old Soldiers Never Die... A letra de antiga canção da I Guerra Mundial poderá finalmente ser aplicada a militares judeus brasileiros. Eles não mais serão recobertos para sempre pela poeira do tempo. Nas páginas seguintes, teremos o privilégio de revelar quem foram eles, alguns dos Heróis Brasileiros Judeus da Segunda Guerra Mundial.

Mensagens Recebidas pela Comissão

Do Coronel R/1 Oly Fischer dos Santos, ex Comandante do Grupo Escola de Artilharia, em Deodoro, Rio de Janeiro. Ilustre amigo Israel, Comungo inteiramente com o justo júbilo dos brasileiros de origem israelita, que de forma tão patriótica e expressiva se integraram no mais elevado espírito de cidadãos realmente amantes de seu país. Será sem dúvida uma cerimônia de alto simbolismo de cunho marcante da integração incondicional de gente originária de todas as origens - raças e credos - em nossa pátria. Muitos países de nosso planeta, mesmo alguns de dimensões geográficas expressivamente menores que as do Brasil não tiveram este previlégio. Vivem um eterno clima de distúrbio social, de lutas sangrentas, às vezes, justamente por motivos de intolerâncias religiosas ou étnicas. Cumprimento o amigo pelo seu empenho cotidiano e exaustivo em ressaltar quanto o povo de origem judaica, que aqui vive e labuta representa uma parcela importante em nossa comunidade brasileira, representou e representa, no contexto de nossa nacionalidade. Um forte abraço Oly Fischer dos Santos

Da Sra Devori Borger, do Museu dos Veteranos Judeus da Segunda Guerra Mundial em Latrun, Israel, à margem da Rodovia Tel-Aviv-Jerusalém. Dear Mr. Blajberg, It was a great honor to meet you in the National Memorial Day of the Fallen Soldiers of the IDF at Yad Lashiryon. I was impressed by your knowledge and your deep motivation to join our important effort by supplying information for the Museum of the Jewish Soldier in WWII which is in establishment. The information that you sent regarding the participation of the Brazilian Jewish soldiers (including the general background) is very essential and useful: the summary and the lists - since we are working on databases - individual stories and the aspects of the Allied forces, and also, events and combats during the Second World War. You generously suggested to send photos and further information regarding the Jewish soldiers as far as you get them - that means that we should be in current contact. I would be very glad to supply you information you need for your research and use when it would be possible and available. “Muito obrigado”, “Shavua tov”. Be our guest of honor. Devori Borger The Museum of the Jewish Soldier in WWII treasury office Latrun Information Center - The IDF Armored Corps Library


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